Os primeiros e segundos - Parte I  

Escrito por Renan Biazotti, na seção

Ainda não se pôde precisar quando, mas houve que em certo momento da história dos mundos, a Treva se dividiu em pedaços insignificantes e nunca mais voltou a ser o que era no princípio. Suas partes foram divididas desigualmente por fragmentos de matéria cristalizadas, provenientes da luta do Mal contra si mesmo.

Então suas ínfimas partes encobriram o que um dia foi o maior companheiro da Treva, e assim impediram sua manifestação por toda a eternidade já vivida. Os fragmentos, quase imperceptíveis na vastidão do todo, existiram por milhões de anos até que, de forma ainda inexplicável, perderam a memória de que um dia já tinham sido apenas um.

Esqueceram de seu próprio começo e, desta forma, amaldiçoaram para sempre a sua existência e da mesma forma abençoaram o que viria a ser a Terra dos seres viventes de Meerã, o Fragmento Conhecido, na linguagem dos antigos. E foi assim que o tudo existente deixou de ser perfeito e tornou-se mutável.

Os fragmentos que viviam agora por si mesmos deixaram de circundar os pedaços de matéria flutuante e se aproximaram. Aproximaram-se tanto que tocaram aquela gigantesca pedra cinza e sem vida. E quando tocaram, nada aconteceu, pois lá não havia nada que tivesse vida. Apenas a energia dos fragmentos da Treva emanavam algo na imensidão do infinito.

Não é possível determinar o que significavam as ondas que partiam dos que seriam os primeiros seres que tocarem Meerã; mas certo é que essa energia refletiu a massa austera da cinza negra e retornou em forma de força de farta riqueza que modificou a essência da pequena partícula de Treva.

E ali passou a ser denominada ser, vivente, existente, pois ali deixou de ser apenas o que era, para se tornar o que viria a ser ao se relacionar com o mundo que habitaria eternamente.

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